A oração como meio de preparação para o dia da vinda do Senhor
Lucas
18:1-8
A oração como meio de preparação para
o dia da vinda do Senhor[1].
Como poderemos
suportar os últimos dias? O que fazer para permanecermos com fé? Nos últimos
dias qual é a chave para mantermos nossa fé? O que fazer para não sermos
deixados para trás?
Esta parábola é uma
conclusão do texto anterior Lc 17:20. Os fariseus perguntam para Jesus quando
viria o reino de Deus? O reino não é de visível aparência. Ele está no meio de
vós. Jesus passa a falar da sua vinda. E o verso 25 é significativo para nós,
pois diz: “mas, importa que padeça muitas coisas e seja rejeitado por esta
geração”. Vivemos numa geração corrompida. Uma frieza espiritual tem abatido
muitas igrejas.
Propósito: Jesus contou
esta parábola para que seus discípulos permanecessem fiéis, manifestando
através da oração perseverante, a certeza na justiça de Deus.
Alguns conceitos sobre oração.
Mark Dever ressalta “que a oração é um assunto que
muitos de nós endossamos, mas, na realidade, pensamos muito pouco sobre ele”[2].
Artur Pink diz que “A
finalidade da oração é expressar a Deus o nosso reconhecimento de que ele sabe
o de que temos necessidade.”[3]. A.A. Hodge define oração
como “(...) o ato da alma de apresentar seus anseios a Deus (...)”[4].O Catecismo Maior na
pergunta 178, “O que é oração?” responde: “Oração é um oferecimento de nossos
desejos a Deus, em nome de Cristo e com o auxílio de seu Espírito, e com a
confissão de nossos pecados e um grato reconhecimento de suas misericórdias”[5]. John Bunyan de forma
poética diz que “orar é derramar de modo sincero, consciente e afetuoso, o
coração ou a alma diante de Deus, por meio de Cristo, no poder e ajuda do
Espírito Santo, buscando as coisas que Deus prometeu, que são conforme sua
palavra, para o bem da igreja e fiel submissão a sua vontade”[6]. Para Calvino “é por meio
da oração que obtemos êxito em chegar até as riquezas que Deus tem depositadas
em si mesmo. Ela é uma espécie de comunicação entre Deus e os homens, é por
meio dela que entram no santuário celestial, e recordam de suas promessas”[7]. O apóstolo Paulo diz que
Devemos orar sem cessar (1Ts 5.17). E que diante de Deus devem ser conhecidas
todas as nossas petições (Fl 4.6). Mas talvez você
diga que já está cansado de orar, que Deus não responde as suas orações já faz
muito tempo. Sendo assim, por que devemos orar?
Devemos orar por que Deus é o nosso justo juiz.
Embora a cidade não
seja identificada no texto, muito provavelmente o que acontecia nela era bem
conhecido do povo de Israel. O juiz iníquo – era um homem
que não temia a Deus e nem respeitava ao próximo. Era desonesto, corrupto e
injusto. O contraste do Juiz que deveria julgar as causas do povo de Israel (2
Cr 19.5-7, Am 2.6-7).
No tempo de Jesus os juízes de Jerusalém eram conhecidos
como Juízes ladrões[8]. A Bíblia nos diz que este
juiz não temia a Deus e nem respeitava o homem. A palavra aqui para “respeitar[9]” pode
muito bem ser traduzida por “envergonhar-se”. Ele não tinha vergonha dos seus
atos diante dos homens. Fazia o que era mal e isto não lhe preocupava. Não
sentia vergonha dos seus atos. A cultura tradicional oriental é marcada pela ideia
de orgulho e vergonha. Olhemos para aquilo que Cristo fala:
Não fará Deus justiça aos seus eleitos? Deus é o supremo juiz do seu povo, por
isso, podemos orar na certeza que ele efetuará a justiça. Temos aqui um
paralelo que poderíamos chamar de paralelo por antagonismo. Encontramos esta
mesma ideia no sermão do monte quando Cristo diz: nós que somos maus sabemos
dar coisas boas para nossos filhos, quanto mais nosso Deus que está nos céus
(Mt 7.11).
A próxima pergunta
então é como devemos orar?
Devemos orar com perseverança e fé.
A atitude da viúva
é significativa. No Antigo Testamento a
viúva é um símbolo típico dos inocentes e oprimidos (Ex 22:22,23; Dt 24:17-18; Is 1:17). Esta mulher era
pobre. Não tinha dinheiro para subornar o juiz. O tribunal era lugar de homens,
o que nos leva a crer que esta mulher não tinha ninguém que pudesse interceder
por ela – não tinha marido, filhos, cunhados, parentes, ninguém. Esta
mulher permanecia diante do juiz porque estava certa que Deus fara justiça
aos escolhidos. A palavra que aparece para escolhidos é a mesma para
eleitos. Deus fará justiça embora pareça demorado. Demorado neste texto
é uma declaração ou uma interrogação? A palavra, demorado, é uma das grandes
palavras do Novo Testamento que é traduzida como paciência. Esta palavra traz a
ideia de Deus afastar sua ira e agir com misericórdia para com o eleito. Deus
podendo exercer justiça para com os nossos pecados e nos condenar ele é longânimo.
Demorado ou longânimo para com seus eleitos?
Aplicação.
O texto termina com
uma pergunta que só você pode responder: quando o filho do Homem voltar
encontrará fé na terra? Encontrará fé na sua vida? E nossa Igreja? Nossa
família? Encontrará seus servos orando com perseverança, confiados na sua
justiça.
[1]
Autor do estudo Rev. Marcelo Crispim
[2]
DEVER, Mark. A oração na vida e no
ministério do pastor. Fé para Hoje, Editora Fiel, São José dos Campos, Nº
31, Ano 2007, p. 9
[3]
PINK, Artur. Deus é soberano. Atibaia, Fiel, 1977, p. 128
[4]
HODGE, A. A. Confissão de Westminster
Comentada. Editora Os Puritanos, São Paulo, 1999, p. 374
[5]
CATECISMO MAIOR. Editora Cultura Cristã, São Paulo, 2ª ed. 1999
[7]
CALVINO, Juan. Instituición da Religión Cristiana – vol II. FELIRE, 5ª ed. Espanha, 1999, p. 664
[8] BAILEY, Kenneth. As
parabolas de Lucas. Ed. Vida Nova, São Paulo, 3º Ed. 1995, p. 311. A citação é tirada
de Edershein – Life and times of Jesus the Messiah. Cf. http://philologos.org/__eb-lat/book419.htm.
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