Marcelo Crispim

sexta-feira, agosto 03, 2012

A oração como meio de preparação para o dia da vinda do Senhor


Lucas 18:1-8

A oração como meio de preparação para o dia da vinda do Senhor[1].

Como poderemos suportar os últimos dias? O que fazer para permanecermos com fé? Nos últimos dias qual é a chave para mantermos nossa fé? O que fazer para não sermos deixados para trás?
Esta parábola é uma conclusão do texto anterior Lc 17:20. Os fariseus perguntam para Jesus quando viria o reino de Deus? O reino não é de visível aparência. Ele está no meio de vós. Jesus passa a falar da sua vinda. E o verso 25 é significativo para nós, pois diz: “mas, importa que padeça muitas coisas e seja rejeitado por esta geração”. Vivemos numa geração corrompida. Uma frieza espiritual tem abatido muitas igrejas.

Propósito: Jesus contou esta parábola para que seus discípulos permanecessem fiéis, manifestando através da oração perseverante, a certeza na justiça de Deus.

Alguns conceitos sobre oração.
Mark Dever ressalta “que a oração é um assunto que muitos de nós endossamos, mas, na realidade, pensamos muito pouco sobre ele”[2]. Artur Pink diz que “A finalidade da oração é expressar a Deus o nosso reconhecimento de que ele sabe o de que temos necessidade.”[3]. A.A. Hodge define oração como “(...) o ato da alma de apresentar seus anseios a Deus (...)”[4].O Catecismo Maior na pergunta 178, “O que é oração?” responde: “Oração é um oferecimento de nossos desejos a Deus, em nome de Cristo e com o auxílio de seu Espírito, e com a confissão de nossos pecados e um grato reconhecimento de suas misericórdias”[5]. John Bunyan de forma poética diz que “orar é derramar de modo sincero, consciente e afetuoso, o coração ou a alma diante de Deus, por meio de Cristo, no poder e ajuda do Espírito Santo, buscando as coisas que Deus prometeu, que são conforme sua palavra, para o bem da igreja e fiel submissão a sua vontade”[6]. Para Calvino “é por meio da oração que obtemos êxito em chegar até as riquezas que Deus tem depositadas em si mesmo. Ela é uma espécie de comunicação entre Deus e os homens, é por meio dela que entram no santuário celestial, e recordam de suas promessas”[7]. O apóstolo Paulo diz que Devemos orar sem cessar (1Ts 5.17). E que diante de Deus devem ser conhecidas todas as nossas petições (Fl 4.6). Mas talvez você diga que já está cansado de orar, que Deus não responde as suas orações já faz muito tempo. Sendo assim, por que devemos orar?

Devemos orar por que Deus é o nosso justo juiz.

Embora a cidade não seja identificada no texto, muito provavelmente o que acontecia nela era bem conhecido do povo de Israel. O juiz iníquo – era um homem que não temia a Deus e nem respeitava ao próximo. Era desonesto, corrupto e injusto. O contraste do Juiz que deveria julgar as causas do povo de Israel (2 Cr 19.5-7, Am 2.6-7).
No tempo de Jesus os juízes de Jerusalém eram conhecidos como Juízes ladrões[8]. A Bíblia nos diz que este juiz não temia a Deus e nem respeitava o homem.  A palavra aqui para “respeitar[9]” pode muito bem ser traduzida por “envergonhar-se”. Ele não tinha vergonha dos seus atos diante dos homens. Fazia o que era mal e isto não lhe preocupava. Não sentia vergonha dos seus atos. A cultura tradicional oriental é marcada pela ideia de orgulho e vergonha. Olhemos para aquilo que Cristo fala: Não fará Deus justiça aos seus eleitos? Deus é o supremo juiz do seu povo, por isso, podemos orar na certeza que ele efetuará a justiça. Temos aqui um paralelo que poderíamos chamar de paralelo por antagonismo. Encontramos esta mesma ideia no sermão do monte quando Cristo diz: nós que somos maus sabemos dar coisas boas para nossos filhos, quanto mais nosso Deus que está nos céus (Mt 7.11).
A próxima pergunta então é como devemos orar?

Devemos orar com perseverança e fé.
A atitude da viúva é significativa. No Antigo Testamento a viúva é um símbolo típico dos inocentes e oprimidos (Ex 22:22,23; Dt 24:17-18; Is 1:17). Esta mulher era pobre. Não tinha dinheiro para subornar o juiz. O tribunal era lugar de homens, o que nos leva a crer que esta mulher não tinha ninguém que pudesse interceder por ela – não tinha marido, filhos, cunhados, parentes, ninguém. Esta mulher permanecia diante do juiz porque estava certa que Deus fara justiça aos escolhidos. A palavra que aparece para escolhidos é a mesma para eleitos. Deus fará justiça embora pareça demorado. Demorado neste texto é uma declaração ou uma interrogação? A palavra, demorado, é uma das grandes palavras do Novo Testamento que é traduzida como paciência. Esta palavra traz a ideia de Deus afastar sua ira e agir com misericórdia para com o eleito. Deus podendo exercer justiça para com os nossos pecados e nos condenar ele é longânimo. Demorado ou longânimo para com seus eleitos?

Aplicação.
O texto termina com uma pergunta que só você pode responder: quando o filho do Homem voltar encontrará fé na terra? Encontrará fé na sua vida? E nossa Igreja? Nossa família? Encontrará seus servos orando com perseverança, confiados na sua justiça.


[1] Autor do estudo Rev. Marcelo Crispim
[2] DEVER, Mark. A oração na vida e no ministério do pastor. Fé para Hoje, Editora Fiel, São José dos Campos, Nº 31, Ano 2007, p. 9
[3] PINK, Artur. Deus é soberano. Atibaia, Fiel, 1977, p. 128
[4] HODGE, A. A. Confissão de Westminster Comentada. Editora Os Puritanos, São Paulo, 1999, p. 374
[5] CATECISMO MAIOR. Editora Cultura Cristã, São Paulo, 2ª ed. 1999
[6] BUNYAN, John y Thomas Goodwin. La Oración.  El Estandarte de la Verdad, Barcelona, 1967, p. 5
[7] CALVINO, Juan. Instituición da Religión Cristiana – vol II. FELIRE, 5ª ed. Espanha, 1999, p. 664
[8] BAILEY, Kenneth. As parabolas de Lucas. Ed. Vida Nova, São Paulo, 3º Ed. 1995, p. 311. A citação é tirada de Edershein – Life and times of Jesus the Messiah. Cf. http://philologos.org/__eb-lat/book419.htm.
[9] evntre,pw – ter vergonha.

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